“Só precisei arrumar a casa para produzir leite de verdade”

Uma prova concreta de que a atividade leiteira não aceita mais a falta da aplicação da técnica no dia a dia e o empenho do produtor para a obtenção de lucro e o alcance do objetivo.

Na região conhecida como Chapadão, município de Rio Bananal, fica a propriedade de Vitorino Antonio Gaburro, o popular Gó. Hoje quem visita o local se depara com uma propriedade modelo na atividade leiteira, e o mais importante, dando o lucro tão almejado pelo produtor. O local, inclusive, é procurado para a realização de eventos de Dia de Campo.

Mas nem sempre foi assim. Para chegar aos 1.200 litros de leite produzidos por dia, com as 90 vacas em lactação, foi preciso muito ajuste. Gó conta que só começou a realmente ganhar dinheiro há cerca de três anos, quando começou a receber visita do engenheiro agrônomo, Lúcio Cunha, por meio do Programa Balde Cheio de produção intensiva de leite.

“No ano de 2013 eu comecei a tirar leite por conta própria, comprei animais bons, preparei alguns piquetes e fiz a estrutura que pedia uma propriedade de leite. Mas eu não saia da casa dos 300 litros por dia com os mesmos 90 animais de hoje. Foi quando, em 2017, já prestes a desistir, conheci o Balde Cheio e o Lúcio. Eu já tinha praticamente toda a estrutura montada e bons animais. Seguindo as orientações passadas pelo técnico, só precisei arrumar a casa para produzir leite de verdade. O que fiz foi basicamente mudança no manejo para quadriplicar a minha produção”, relata Gó.

O plantel leiteiro foi dividido em três lotes e a alimentação com concentrado passou a ser conforme a média de produção de cada vaca. Os animais não recebem silagem ou outro tipo de alimento volumoso. O trato é apenas nos piquetes, que somam 12 hectares irrigados, além do concentrado durante a ordenha. “Atravessamos o inverno, que chove menos, com uma média de oito animais por hectare de terra, o que é considerado ótimo. Ficamos com cem por cento dos nossos animais no pasto, mesmo no período de estiagem hídrica”, completa.

A pecuária leiteira não está apenas no sangue de Gó, mas também de sua esposa, Paula Meneguelli Gaburro, que acompanha tudo de perto. Para ela o segredo do sucesso também está em acompanhar o avanço da tecnologia.

O casal aderiu ao aplicativo ‘Roda da Reprodução’, por onde é possível ter uma visão geral e clara da situação reprodutiva do rebanho leiteiro. “Agora pelo celular com este aplicativo eu identifico cada animal por nome e tenho acesso a quantas vacas pariram e quando, quantas entraram no cio e foram inseminadas, quantas estão em lactação, quantas estão secas. Temos um relatório completo de cada animal. Essa foi mais uma novidade que chegou junto com o acompanhamento do técnico Lúcio, que foi um dos principais responsáveis por alancar a nossa produção”, enaltece a produtora.

Outra questão destacada por ela (Paula) é a parceria entre cooperativa e cooperado. “Nos sentimos acolhidos pela Coopeavi que sempre está disposta e nos dando atenção. Este vínculo é essencial. Temos um suporte fantástico e muito satisfeitos com essa valorização. Recebemos a visita de colaboradores que nos dão uma atenção diferenciada e isso só nos motiva”, conclui.

Projeção

Dois funcionários trabalham fixos na produção de leite no local. Por enquanto a principal renda ainda é o café, mas a realidade será outra em um futuro breve.  A ideia do casal é aumentar ainda mais a média de leite produzido e com qualidade. Para isso a ideia é ampliar as pastagens e fazer alguns ajustes na ordenha.

Além de acertos que já estão sendo executados para chegar à pontuação máxima de qualidade, os 100 pontos, o produtor está inserindo a raça Jersey no rebanho por produzir um leite com mais gordura, o que gera mais extrato seco, principal ingrediente utilizado na produção de queijos. “Tudo isso reflete diretamente na renda final, já que a cooperativa nos oferece um programa de bonificação que podemos receber até 18 centavos a mais por litro de leite se atingirmos o padrão de qualidade almejado. Além disso nós gostamos de trabalhar com leite e entendemos que é mais lucrativo que outras atividades do meio rural”, planeja o casal.

Outro investimento que está sendo iniciado no local é a utilização do chorume gerado na sala de ordenha na fertirrigação. Por enquanto, além da matéria orgânica com esterco de galinha, os piquetes recebem adubação com nitrogênio com potássio.

Bezerras para reposição

Os animais que nascem na propriedade são todos provenientes de inseminação artificial. As fêmeas são todas recriadas para reposição do plantel leiteiro, já os machos são doados assim que nascem.