Produtor de leite investe e aumenta produção em cinco vezes, com mesmo número de animais

Trabalhando com a metodologia de produção intensiva de leite do Programa Balde Cheio, o produtor cooperado da Coopeavi/Veneza, Carlos Eduardo Delogo Lacerda, conseguiu simplesmente aumentar sua produtividade em cerca de cinco vezes, em pouco mais de três anos de dedicação. Os dados ficam comprovados com os levantamentos econômicos e zootécnicos a partir da aplicação de tecnologia inovadora, resultando em um impressionante desenvolvimento sustentável da atividade leiteira.

A propriedade fica situada no distrito de Vila Águas Claras, município de Águia Branca-ES. Segundo o produtor, antes de iniciar os investimentos, a atividade leiteira era tocada junto com seu pai, só que de forma ainda extrativista. Naquele período, com cerca de 50 vacas no plantel eles conseguiam tirar em média 250 litros de leite por dia. “Eu estava decidido a parar de tirar leite quando fiz uma proposta a meu pai para que fizéssemos investimentos. Se isso não acontecesse eu ia parar. Foi então que ele (pai) me deu carta branca para assumir o tocar a atividade da maneira que eu achava mais correta, porque do jeito que estava indo, as contas não fechavam”, diz Lacerda.

O primeiro ato foi procurar um profissional veterinário, que focou na reprodução. O intervalo de parto que antes era de mais de 16 meses, diminuiu para 11, sempre trabalhando com inseminação artificial no próprio local. Se com 30 dias após parir a vaca não der cio de forma natural, é feito o protocolo para controlar precisamente o ciclo estral, sincronizando a ovulação e aumentando a taxa de prenhes por inseminação.

As bezerras que nascem no local recebem tratamento diferenciado com colostro e leite nos primeiros dias, além de ração, até que comecem a se alimentar com capim após o desmame. As fêmeas são recriadas apenas para fazer o repasse e reposição do plantel leiteiro, conforme as vacas mais velhas vão sendo descartadas. Os machos são doados já nos primeiros dias de vida.

Ao mesmo tempo o produtor investiu em piquetes, produção de volumoso e sala de ordenha, sempre focado em alimentação e uma dieta balanceada do rebanho.

Os resultados chegaram. Hoje, com 45 animais em lactação, Carlos Eduardo tira quase mil litros de leite por dia e as expectativas futuras são animadoras. “Nossa meta para o final deste ano é bater os 1.500 litros/dia. Tenho dezenas de vacas e novilhas prenhas que vão completar meu plantel leiteiro. No ano passado, na época da seca, chegamos a tirar 1.250 litros de média e agora estamos mais preparados”, almeja o produtor ao afirmar que é na época em que chove menos que ele consegue tirar mais leite: “graças aos nossos investimentos não temos problemas por falta de água, como o que acontece na maioria das propriedades. Pelo contrário, o manejo fica mais fácil e o resultado é sempre melhor nesse período”, avalia.

A área total destinada para a atividade leiteira no local mede seis hectares de terra, sendo quatro formados por piquetes e dois por milho para produção de silagem.

Para dar conta dos afazeres diários, Carlos Eduardo trabalha junto com sua esposa, Michele Breda Canal Lacerda, que todos os dias, faça chuva ou faça sol, está na ordenha, na alimentação, no trato das bezerras, na adubação dos piquetes, enfim, em todas as atividades diárias. “Aprendi a gostar de trabalhar com leite e hoje nem penso em fazer outra coisa. Gosto de primar pelo conforto dos animais e o melhor é ver que isso reflete diretamente na produção de leite. Aqui, além de marido e mulher, somos parceiros de trabalho”, frisa a esposa ao completar dizendo que os dois são o suficiente para dar conta da demanda.

O técnico que presta assistência no local pelo Projeto Balde Cheio é o zootecnista João Vitor.

Alimentação balanceada

A alimentação é um diferencial que reflete diretamente na quantidade de leite produzido. As vacas são separadas em dois lotes, o de maior produção e o das intermediárias.

Um dos rebanhos, onde os animais ficam confinados, recebe silagem à vontade, enquanto o outro recebe em média seis quilos cada animal por dia. As vacas também ganham concentrado que é ofertado de acordo com a produtividade. Para isso, a cada 15 dias é feita a pesagem do leite produzido por cada animal de forma individual para que seja definida a quantidade de ração ofertada. Uma pequena fábrica de rações, com um misturador, possibilita que o produtor faça a própria a ração conforme o que precisa, balanceando os nutrientes do alimento.

No período da manhã, após deixar a sala de ordenha, as vacas que não fazem parte do grupo das confinadas vão para uma área de descanso, onde permanecem até o período da tarde. Quando se encerra a segunda ordenha do dia, elas vão para os piquetes onde passam a noite.

Fertirrigação

Um dos próximos investimentos do produtor é instalar três tanques para receber o chorume proveniente da lavagem da sala de ordenha com o esterco, para fazer a filtragem e devolver aos piquetes por meio de fertirrigação. “Quero aproveitar de forma integral e racional os recursos disponíveis dentro da propriedade e crescer de forma cada vez mais sustentável”, projeta o produtor.

Plantio de milho

Carlos Eduardo Delogo Lacerda faz parte da Associação dos Produtores de Leite de Águia Branca (Aplab). Desde quando o grupo passou a fazer parte da Coopeavi/Veneza, há cerca de dois anos, o produtor passou a contar com os benefícios ofertados pela cooperativa, entre eles o auxílio durante o plantio e a colheita de volumoso. “Eu plantei essa roça de milho com o auxílio da Coopeavi/Veneza que nos ajuda com cinquenta por cento do custo da máquina para plantar e colher. É fundamental para nós produtores essa parceria, visto que se não fosse uma ação como essa, talvez muitos não teriam condições de produzir alimentação para passar os períodos de seca”, enaltece.

Todo o milho produzido no local vira silagem. Para armazenar, o produtor construiu uma espécie de galpão, todo fechado para evitar a entrada de animais, em anexo à sua sala de ordenha, onde armazena a silagem ensacada.

Banhos diários O bem-estar dos animais é outra preocupação do casal produtor de leite. Todos os dias as vacas recebem “banhos” antes das ordenhas, o que contribui para uma série de fatores relacionados ao conforto comportamental, diminuindo o estresse térmico, impactando na produtividade e até na reprodução.